Citações, frases irônicas, pensamentos, "despensamentos", "poeMENOS* ", clichês, contradições e outros descuidos cortezanos.
• O material da presente página é apenas uma amostra. Leia também outras citações e microtextos de Fabbio por exemplo em "Obviedades que às vezes a gente esquece". Acesse os trechos da pequena obra citada (e de outras) pelo link da lista de ALGUNS OPÚSCULOS na PÁGINA PRINCIPAL.
Fabbio Cortez por ele mesmo
Eremita que gosta de gente
Paradão que vai em frente
Pacato aguerrido
Tímido "extrovertido"
Reservado sem segredo
Carioca branco azedo
Brasileiro perna de pau
Capaz de ouvir música erudita no carnaval
Eternidade
... a eternidade será ontem e foi amanhã...
Observações talvez corretas dispostas em meia dúzia de degraus
i. somos todos meio bons e meio maus
ii. não há "achados e perdidos" no caos
iii. é duro recitar poemas concretos nos saraus
iv. não se muda uma ideia com pedras e paus
v. amor e paixão fervem em diferentes graus
vi. nossa vida é feita tanto de ois como de tchaus
Caseiro
Tenho estado tão caseiro, mas tão caseiro,
que pôr o lixo pra fora tornou-se um passeio...
Fundamentais (mas com equilíbrio)
Autoestima é fundamental. Mas humildade também é. Qualquer desequilíbrio entre esses dois sentimentos é uma das ramificações do que se conhece como "tolice".
Um pouco
É importante incompreender-se um pouco a fim de compreender um pouco os outros.
Uma confissão vã–filosófica (*poeMENOS)
dentre muitas conclusões
humildemente esta publico:
quanto mais eu filosofo
mais maluco e burro fico
__________
(Obviamente ins—PIRADO no esporro shakespeareano "Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe vossa vã filosofia.")
OBSERVAÇÃO:
* Os "poeMENOS" (que vêm justificados entre parênteses) são assim subintitulados devido a muitas vezes trazerem — meio propositadamente — rimas pobres, obviedades ácidas, duplo sentido, infantilidades provocativas e ironia barata, pois em geral são influenciados ou até assinados por MECSO, pseudônimo e "eu narrador", digamos, um tanto mais livre e menos ordodoxo que o Fabbio.
humildemente esta publico:
quanto mais eu filosofo
mais maluco e burro fico
__________
(Obviamente ins—PIRADO no esporro shakespeareano "Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe vossa vã filosofia.")
OBSERVAÇÃO:
* Os "poeMENOS" (que vêm justificados entre parênteses) são assim subintitulados devido a muitas vezes trazerem — meio propositadamente — rimas pobres, obviedades ácidas, duplo sentido, infantilidades provocativas e ironia barata, pois em geral são influenciados ou até assinados por MECSO, pseudônimo e "eu narrador", digamos, um tanto mais livre e menos ordodoxo que o Fabbio.
Vende-se alma consumista (poeMENOS)
desembesto sem ter pressa,
compro o que não interessa
e nunca cessa minha fome:
essa vida de consumo me consome
Perdoar
Perdoar os outros é benignidade.
Perdoar a si mesmo, necessidade.
Viver e morrer
Ao nascermos já estamos entre a vida e a morte
e cada instante depende de nossa boa ou má sorte.
Nesse intervalo impreciso feito de alegria e de dor
quero viver de amor, sim, quero morrer de amor!
Migalhas
Se você não é um pombo de praça,
não aceite migalhas!
Solidão (poeMENOS)
não sei se é também com a tua
ou só tem a ver com a minha:
tenho notado que até a solidão
tem medo de ficar sozinha
Um pequeno poema da alma
amo tua alma calma:
clamo-te
acalma-me
ama-me
ALMA-me
Ditado difícil
É aquele velho ditado, gente boa:
Não há regra sem excess... eceçã... essesç... ah, deixa pra lá!
(Aqui entre nós... como é que se escreve mesmo "exceção", hein?!)
Cumprimento às leis
Se você não está descumprindo nenhuma lei nem afrontando ninguém, seja exatamente do jeito que deseja ser. Busque ser fiel também às leis de sua personalidade.
Duas mentes
Pensamos e falamos muita bobagem. Mas, no final das contas, não odiamos ninguém. Nem sequer desprezamos quem quer que seja. Por dentro, lá por dentro, não somos projetados para isso. Só se estivermos orientados pela mente carnal (temos a mente carnal e a mente espiritual, deve ser assim...). Todos nós, ao conseguir meditar fundo, nos encontramos com a própria mente espiritual, sentindo-nos parte do Espírito Criador e de Seu Todo, e descobrimos amar, como crianças pequenas amam, a todos os semelhantes, quer se nos mostrem "maus" ou "não tão maus". Assim como notamos amar os animais e plantas, que somente sabem ser bons. E, iluminados de emoção e beleza de amplitude insondável, simplesmente descobrimos amar a nós mesmos.
E o depois... já nem é (poeMENOS)
vive agora, eu insisto
(nessa ideia também vou)
pois antes de leres isto
o futuro já passou...
Quem pode pode? Óbvio que sim e óbvio que não
Em seu primeiríssimo Artigo, parágrafo único, o Documento diz: "Todo o poder emana do povo" blablablá...
?...
Emenda-desabafo:
Emana de quase a totalidade do coitado do povo — alienado, muito alienado, alienadaço... propositadamente — todo o poder dos aproveitadores que dizem nos representar (relembre o super-salário e busque saber as outras transbordantes vantagens recebidas por estes enquanto a plebe se dana; sim, pois tais "senhores e senhoras", ao lado de alguns poucos privilegiados, insistem em pensar possuir algo parecido com títulos de nobreza nesta não-nobre republiqueta-piada, aconchegados com o parágrafo-hipócrita-único deles!)
MECSO, sem emenda, desabafando sobre uma obviedade do tamanho dos brasis
Insaciável (poeMENOS)
pensei que fosses
saudável caminhada
mas és corrida
sem linha de chegada
Uso dos PORQUÊS, sem nem precisar saber O PORQUÊ
(Pequeno diálogo para quando regras demais são caminhos POR QUE não queremos passar)
— POR QUE tantos PORQUÊS? Tantos PORQUÊS POR QUÊ? Qual o PORQUÊ disso?
— Ora, PORQUE são diferentes... Não sei POR QUE tanta dúvida...
— Mas... são diferentes POR QUÊ? Diga-me POR QUÊ.
— Ah... PORQUE são, uai!
Aproveitando a homofonia, algumas rimas
Dizem brincando que pelo meu nome
devo ser todo o tempo cortês
Mas viro uma fera quando com fome,
confesso por exemplo a vocês
E não falo a de comida, ela some
com duas boas mastigadas ou três
O apetite maior, que mais me consome,
é de boa justiça: um apuro nas leis
Complicado como você
complicado é ser
c
omp
lic
ad
o
como você
e você
não me entender...
Pura incompetência
(Inspirado numa conversa com o amigo Lairton Ramos)
os que nascem para o bem são incompetentes,
incompetentes em ser invejosos, falsos, traiçoeiros,
difamadores
em manter sujas suas mentes
ou em ser da vida dos outros os juízes
podem fazer o esforço que quiserem
que não conseguem:
estas são coisas que só competem aos infelizes
Teu não, não
esta vida insana nos responde alguns sins
e nos machuca com incontáveis nãos, querida
de todo modo o tempo nos reconstrói enfim
geralmente cicatriza qualquer corte ou ferida
porém teu não não cura, jamais cura em mim,
é o não mais profundo que já recebi da vida
Idiotas
Posso compreender o idiota individual.
Mas abomino com todas as minhas forças o idiota coletivo.
Adorador
amor amor amor amor
a dor a dor a dor a dor
Cedo demais
Também... ele quer ser tudo, e fácil, na mão:
um Nietzsche são (e salvo por si mesmo), pastor;
um Kerouac sóbrio (sóbrio está de bom tamanho);
um Chopin (diante dum eterno piano) forte;
um Noel Rosa (europeu ou americano) com o queixo sem queixa.
E antes que o tomem por louco, ébrio, fraco, torto, ele quer ser Deus (mas sem ter criado o homem) pra não morrer cedo demais.
Pó
”O homem é pó.”
Certo...
Mas ô pozinho mais metido a besta, hein?!
MECSO – polemista aporrinhado com alguns seres humanos (pseud. de Fabbio)
Em questão de política
Não tendo tanto à direita
Não tendo quase à esquerda
Pelo amor de Deus, nem tendo ao centro
Em questão de política
Tendo a me entristecer...
____________
MECSO — um brasileiro revoltado (pseudônimo de Fabbio) tomando as dores da maioria do povo brasiliano (contudo tão anestesiado, hipnotizado pela mídia aberta), que não sabe geralmente votar (quem o permitiria aprender?), obrigado a dar poder a ambiciosos profissionais patéticos, os quais conseguem fazer de um país superpotencial como o nosso um imenso esgoto a céu aberto, em todos os sentidos, cheio de violência e mazelas, com ilhotas transbordantes de riqueza para eles próprios e para uns poucos da mesma laia de egoístas. Aqui, votar não resolve coisa alguma: democracia é muito mais que esse engodo fétido.
Quem sabe uma Aliança?!...
Pois é
pois é:
a vida não tem marcha à ré
Ser
ser conscientemente atento sobre nossa efemeridade
ser empático de forma meditada e calma
ser humilde sem se humilhar
ser portanto cordato (porém sincero sem afrontas)
ser inteligentemente elegante
ser elegantemente inteligente
ser analista de seus próprios defeitos e procurar aprimorar-se
ser perdoador (aos outros e a si mesmo)
ser buscador de simplicidades e purezas da vida
ser humano com os seres humanos e animais e plantas
ser tendente à resignação com as pancadas da vida
ser enfim vislumbrador do possível lado bom de tudo
ser humano humano
ser novamente humano
Com fusão (de uma música de Fabbio)
(meu caos bateu no [teu) absurdo bateu no meu]
: e não é que tudo
o que se deu
se resolveu?
Mesmo
desejo mesmo
ser eu mesmo
(e a ti desejo o mesmo)
Quanta gente
Puxa, quanta gente perdida "se achando"...!
Cheio de disposição (poeMENOS)
não quero nem saber,
não vem que não tem:
se o desânimo bater,
vou bater nele também!
(Acho que já vi algo parecido...
mas de todo modo fica a coisa com minhas humildes palavras)
Humilde oração
Que jamais precisemos de nada além
de dignidade-paz-saúde-amor, amém!
Um pretenso poeta acorda de um sonho e descobre que a Poesia não precisa dele para viver
A Poesia é. Simplesmente é. Ela não vive de rima nem de falta de rima nem de inspirações ou aspirações nem de regras nem de métricas nem de coisa alguma. Ela é. Nasceu dela mesma, ela é desde sempre e desde nunca, foi e há de ser, não tem a ver nem com Inteligências presunçosas nem rasas pieguices, com fabricações esmeradas nem com verborragias abusadamente cegas. Ela é a beleza e a feiura, a tristeza e o regozijo, mas por ela mesma, sempre por ela mesma, pois o que podem fazer os poetas é servir-lhe de antena que balança com o vento ansioso da efemeridade, a captar humildes um pouco de seus ideais eternos, o prazer ou o choro do mundo, e falar algo de amor e de morte, de boa ou má sorte, pois ela pode ser tudo ou nada, e tudo e nada: Poesia é candura e porrada!
MECSO — (pseud. de Fabbio)
Abre-fecha óbvio (poeMENOS)
A tevê ABERTA brasileira é sim inteligente.
Quem disse que não, minha gente?
Muito inteligente.
A tevê ABERTA é inteligentemente projetada
para manter o povo com a mente FECHADA.
MECSO – zapeador inveterado de tevê a cabo (pseud. de Fabbio)
Tem um tempo aí?
ninguém nunca está mesmo satisfeito:
uns somente desejam matar o tempo;
outros, ressuscitá-lo de qualquer jeito
Querer (poeMENOS)
Não é bom querer tudo. Porém extravase:
também não é muito bom querer "quase".
De toda luz
: acender o sonho, iluminar por dentro... assim o amor faz
mas depois amar é transbordar de luz forte demais,
lanterna, holofote, farol, sol, todos os sóis mais raros
quando assim cresce, exagera, clareia até o que já é claro
pois é, esta é de toda luz a árdua e dúbia regra:
se houver descontrole, ela faz ver mas depois cega
Escolhas capazes (dos “Microdiálogos”)
— Mestre, nesta vida... a gente é capaz de tudo?
— Tudo... Tudo mesmo, seja para o bem ou para o mal.
— Puxa, também para o MAL ?!
— Sim, mas observe... eu disse "capaz de TUDO": até de não ser capaz.
O coitado do Tédio desabafa
"Que Fabbio...!", bufou o Tédio hoje o dia inteiro.
(Porque há dias em que nem o Tédio me aguenta)
Drummondiando a (ins)piração a fim de não desistirmos no meio do caminho — ou: A vida é assim mesmo
No meio do caminho tinha uma peRDa
tinha uma peRDa no meio do caminho
tinha uma peRDa
Tendências
Entendo, ladrão pobre tende a roubar os mais ricos.
Mas sempre estive intrigado com isto, e ainda fico:
(portanto compreender a coisa você não me cobre)
por que ladrão rico tende a roubar os mais pobres?
Sobre o medo (ou Autossuperproteção)
O medo é importante,
serve para nos proteger de muitos perigos
(Isso é precaução)
O problema é quando o medo é tanto
que nos "protege" de ser felizes
(Isso é uma pena)
Bobagem nipo-romântica
esta vida não tem nenhum gosto sem ti:
és o molho-shoyo do meu prato de sushi
Desdesistência (poeMENOS)
Já devo ter ouvido isto por aí
Então digo do meu jeito aqui:
O melhor mesmo está por vir:
Por favor, desista de desistir!
14 falhas e ingênuas redondilhas para recheio de pseudo-haicais
Amo tua natureza,
mas não sei fazer haicais
Se eu metrificar belezas
e emoldurar instantes
posso tornar-me elegante,
ah! será que me lerás?
A tendência oriental
de estrutura tripartite,
muito antiga por sinal,
pode ser que eu imite
no futuro até, quem sabe?
Só que agora dá licença,
deixo esta lacuna densa
antes que a caneta acabe
Não me exijam nada — nem rimas!
mesmo as piores rimas — e até as não-rimas — são na poesia...
parentes
( por isso — só pra contrariar — fecho este trecho sem fechar o...
parêntese
Variando
Não me obrigue a ser feliz o tempo todo!
(Não tenho paciência pra isso).
MECSO
Ilhas (poeMENOS)
Muitos humanos (ilhas de vaidade, coitados)
esquecem-se de ser somente esqueletos
cercados de carne por todos os lados
MECSO – polemista realista (pseud. de Fabbio)
A vida é sempre (poeMENOS)
não me venham com essa história
de bem ou mal, fracasso ou vitória
: a vida é sempre contraditória
Pensar... quase sempre (poeMENOS)
Finge que está tudo bem, o resto esquece.
Obtusos têm muito mais possibilidade de ser felizes.
Pensar demais quase sempre entristece.
MECSO
Tudo passa, tudo pássaro
a resposta então é rir-se
e rir dos pesos todos, da gravidade (ah, que gravidade?)
rearrumar as asas e os anseios
jogar-se, seguir voando, leve, subir, sem medo ou com medo
assim vou e voo...
bem do alto tudo se apequena, lá tu desassustas
: vem ver, eu te levo!
Todo dia
Todo dia
é dia
de aprender.
Nem que seja
de aprender
a desaprender.
(Tem bastante a ver com autoaprendizagem.
Chamaria talvez isso então de "autodesaprendizagem")
Tropeços e quedas em público (ou Pequenos e grandes erros na vida)
Tropeçar faz parte da vida. A própria vida tropeça em si. Mesmo para tropeçar, entretanto, tem de ter certa arte, graça, jeito; ainda que tropeçar seja algo súbito, inesperado, temos que ser mais rápidos que a gravidade e dar sequência ao tropeço meio que gingando, rindo-nos. Aí ninguém nota; e se notam riem conosco, não de nós. Na realidade, se pensarmos direito, as pessoas riem porque fazem em si mesmas, num nervosismo sigiloso, uma projeção do que seria passar por aquilo, rememorando as próprias pagações de mico.
Se caímos, já é um pouco mais complexo, mas nem por isso impossível de tirar algum proveito. Pois ao cairmos encontramo-nos com algo de nossa real transitoriedade, resgatamos a boa humildade, que às vezes esquecemos: ali, sem entender bem o que aconteceu, num misto de dor física e moral, reaprendemos num segundo a valorizar os momentos em que estamos de pé e podemos caminhar. O jeito então é, de novo, rir de nós mesmos, lavarmos as possíveis raladas, pôr uns band-aids e procurar equilibrar-nos melhor dali pra frente.
Expresso
"Oquei", "oquei", concordo: em tudo há poesia. Mas, porr...! às vezes o poeta quer só tomar um expresso no café duma livraria de shopping, passando os olhos num livro de autoajuda...
MECSO — polemista (pseudônimo de Fabbio)
Crédito
Posso dizer "Quem acredita sempre alcança" à vontade por aí. Mas somente me darão crédito se eu já tiver "alcançado". Portanto digo isso com certo cuidado: do contrário, serei visto apenas como mais um tolo repetindo um ditado.
Olhe bem
Se tenho valor ou não? Depende de como você me veja: se o fizer com olhos maus, a mim caberão infinitos defeitos; mas, se me olhar com olhos criteriosos e benignos, talvez eu tenha uma ou outra virtude.
Liberdade na prisão
Bom é termos a liberdade de estar presos a quem e ao que quisermos.
Trabalho
vaidade e arte, arte e vaidade
vaidade ou arte, arte ou vaidade
vaidade vaidade, arte arte
vaidade, arte
vaidarte
vai dar-te trabalho isso...
Animais
Não maltratem os animais,
seus ANIMAIS!
Se são burros, ou se se acham mais
Simplesmente tanto faz!
Repito ininterrupto aos bossais:
Não maltratem os animais,
seus ANIMAIS!
(Já devem obviamente ter feito tal jogo de palavras por aí, mas deixo aqui minha versão, ou melhor, minha aversão).
Humildade e paz
Se há humildade genuína, há paz de espírito. Por isso, momentos de paz interior tornam-se tão raros à humanidade.
Desequilíbrio (de uma música de Fabbio)
tantas, tantas vezes te reergui
e voltei quieto a meu tombo
mas não satisfeita me queres
sob teus derradeiros escombros
MECSO – (pseudônimo do autor)
Divisão
quero partir e ficar
mas estar em dois lugares machuca
e ter dois corações complica
quero ficar e partir
duas cidades duas ruas
duas casas duas camas
e uma vida uma vida...
não posso partir nem ficar
nem ficar nem partir
e ainda preciso estar inteiro
nessa minha divisão
Nunca?
nunca é tarde
nunca é tarde pra aprender
nunca é tarde pra aprender que nunca é tarde
nunca é
nunca
nunca é nunca
raciocine bem
:
nunca
é
nunca
Se o mundo te derrubar
Se o mundo te derrubar,
Levanta-te
Quebra o mundo, chuta os pedaços
Lava a poeira dos olhos tristes
E passa por cima de tudo
Rumo ao infinito que te seja
(Aproveita e a ti mesmo beija)
Legais
Há pessoas que se esmeram firmemente em ser cumpridoras de todas as leis, mas, ainda assim, não são pessoas LEGAIS.
MECSO — polemista (pseudônimo de Fabbio)
Normalização, regra ao rebanho humano
Normal definitivamente não sou, garanto, ah, isso não. Ser "normal" é por demais patético e antiartístico... Se o fosse, inventaria um jeito de não ser.
MECSO – polemista (pseudônimo de Fabbio)
Vencer
Vencer a si mesmo é saudável e traz paz. Entretanto, se há competição entre egos, não se iluda: não é esporte, é guerra.
Conselho para mim e para ti
entrega-te totalmente ao amor e à amizade!
mas
somente
com
a
devida
re er
ci ic
pro orp
ci ic
da ad
de ed
Microdiálogo
em cima do muro ou na corda bamba
— capitalismo?
— dá certo não...
— socialismo?
— muita ilusão
...
— entre eles um "equilibrismo"?
— esquece, irmão...
És minha lâmpada
À noite
elétrico
te acendo
E me aqueces
De vez em quando
sou-me
e isso some
de vez em quando
some
de vez em quando
sou-me
Momento
O jeito é mesmo viver o momento...
Pois a danada da vida sempre cisma
Em ser mais rápida que o tempo
Acordos de língua em versos à míngua
1. beijando a beijar (poemenos)
o beijo que me destes
ensinou-me bem ligeiro
ter a língua portuguesa
suave gosto estrangeiro
2. falo em tua língua
isto posto
não tens de dizer mais nada
absorve o pressuposto
e não fiques tensa, fada
também gosto
de ti calada
Burros e níveis de burrice (com humildes escusas ao pobre bicho com esse nome)
Existem os muito burros, os meio burros, os burros com relampejos inteligentes, os inteligentes com burrice intermitente; e assim vai... Mas definitivamente os mais deploráveis mesmo são os inteligentes burros. E como os há desta última qualidade, Oh Deus de nossa prece distraída!... E nem cabe aqui o coletivo "burrada", que se transforma, na mesma palavra, no que todos cometemos vez ou outra. Prefira-se "comboio", pois quantos são carregados de ideias e ideais fúteis, a quase desmantelar de tanto peso.
MECSO – polemista (pseudônimo de Fabbio)
Querer-mais
Se minhas pobres rimas
vês lá como boa arte,
decerto nisso me animas,
feliz sou, só que em parte:
em teus olhos me li, mas
desejo mesmo é beijar-te!
Forma de dizer
Dizer a verdade sempre
Dizer sempre a verdade
Sempre dizer a verdade
Sempre a verdade dizer
A verdade sempre dizer
A verdade dizer sempre
P.S.: Mas com jeito, cuidado, sabedoria: não confunda sinceridade com insensibilidade, pois senão posso também lhe dizer umas verdades...
(MECSO – pseud. de Fabbio)
Procura
o poeta busca
o poeta se procura
quer dizer algo
é sua sina
mas justamente quando se distrai
é que se reencontra
e vê que Deus lhe deu a palavra
Coragem de vento
Coragem de vento anima folhas, derruba algumas
e estas leva longe: minhas manias de esquina,
de demorar-me,
outras de estrada reta,
de ir aonde der e puder pagar passagem,
pegar carona duvidosa ou estourar os calcanhares.
Ah, folhas ao vento, presas, desatadas,
rock pesado verde e marrom no último volume,
coração ao sol que cabe numa fresta!
Agora, quem resguardará do mundo
meu pensamento do mundo?
As coisas vivas da noite
A cama, cansada da gente,
riu um riso nervoso,
o soalho a ranger os dentes,
quase um choro:
o criado-mudo censurou o ruído,
mas o abajur beijou de luz branda a cortina,
que se abriu toda, deixando ver-lhe a janel(a)lma:
então lá de fora, vestido de penumbra,
o céu viu nossa cadência de estrelas trocando desejos
nessa morte recíproca em segredo,
eterno fim dos libertos presos
Depois,
um chá de camomila,
calma e docemente,
bebeu nossos restos de sede
Quero me ter
quero me ter
e ter hoje e depois
de amanhã o direito
pois
de gozar profundo
na ambiguidade
a dignidade
de ser controverso
no verso
na vida
no mundo
Causa mortis
Não podendo mais suportar
a inveja que sentia da Vida,
a Morte suicidou-se
Érru u êrru
si mi férru
já nãu bérru
érru
u ki érru
i u êrru
incérru
Perseverança (poeMENOS)
Ufa... como às vezes cansa
perseverar na perseverança
Valores às avessas (dos “Microdiálogos”)
— O que você tá fazendo, rapaz, assim se contorcendo todo?!
— Ten-ten-tando me virar do ave-e-esso...
— Como assim “do avesso”?! Tá maluco?
— É que me disseram que sou bonito por dentro...
MECSO – polemista e poeta livre-pensador (pseudônimo de Fabbio Cortez)
Cada um na sua (clamor)
Que a lucidez exagerada dos chatos de plantão
não dilua a força de sonhar dos loucos sãos!
MECSO
O melhor
(um rápido clichê
pra mim e pra você)
Não devemos permitir que a crença no inconcebível nos faça esquecer de realizar o possível.
Nã.o seja preciosista com sua vida, que é só uma, cidadão!
Sim, vamos ao possível! Sempre que fazemos o melhor que podemos, de algum modo somos vencedores.
Três pérolas de Marianna quando bem pequena
"Pai, me leva no Cristo arrebentô?"
.......
"Circo é legal, tem trapezista, malabarista, vigarista..."
.......
"O que você tá estudando na escola, Marianna?"
"Matemática, po-tuguês, estudos sensuais..."
Marianna
quando você nasceu
eu me vi no todo,
eu era ali o belo cenário do mundo;
eu havia inspirado o ar livre da paisagem
feita das paredes interiores do elevador,
onde ajoelhei pedindo que tudo desse certo.
em ti,
verdadeiro poema,
inspirei-me para viver
muito mais!
senti paz,
muito mais,
pois você também me viu no todo:
reconheceu seu amigo-papai
como reconhecera sua amiga-mamãe,
eu sei,
pois seus olhinhos acenderam
ao encontrar os meus
quando você passou nos braços da enfermeira
pelo corredor da maternidade.
de tal forma
que amei mais o amor:
nascia naquela noite de maio
um sobreamor,
um inexplicável,
raro
e doído amor;
uma tal poesia
que até então eu não compreendia:
era você, Marianna
é você, Marianna!
Tal uma Ferrari no engarrafamento
(a Fabbio Gabriel)
Perdoem-me, papai e mamãe,
vou tentar ser mais bonzinho...
Puxa, mas sabem o que é?
Eu não sou malvado.
Quando faço pirraça ou bato o pé
ou choramingo querendo alguma coisa
que já tenho aos montes,
é por que tem, sei lá,
um motor grandão dentro do meu peito
me fazendo correr sempre mais,
dominar a tevê para assistir cada vez
a mais desenhos,
tomar outro sorvete,
querer outros brinquedos
e voltar a correr,
e...
é o motor, papai, não sou eu...
é o motor, mamãe!
Os olhos da madrugada
Os olhos da madrugada
me lançam compreensão,
um espanto calmo.
Toda luz desapareceu para sempre,
sempre fui da madrugada, vejo ainda nítido porém além
do pequeno Sol,
de toda chama, lâmpada, lucidez.
Muitos já disseram que ao fechar os olhos
vemos mais.
A luz vai sem misericórdia,
impregnada de adeuses, mas virando-me as costas de breu
sem querer olhar pra trás,
sem querer saber quem vê
ou quem não vê,
se sou eu
ou sou você.
Fecho os olhos na madrugada,
os olhos da madrugada
me lançam compreensão.
Mais mais, menos menos
é mais ou menos isto:
não sejamos mais ou menos
assim sem mais nem menos!