O QUE POSSO DIZER DE CONCRETO
quem me dera ser o pedaço quebrado
dessas estátuas invisíveis
a caçar a dinastia na poeira do trânsito
ou o reboco descaído dos muros
com fantasmas rabiscados
pelos parachoques bêbados da cidade
nem isso
sou do edifício
do meio-fio
da esquina
de tanta esquina
o suicídio
o tropeço
o vício
o meretrício
pois se nem a sombra dos heróis
que cavalgam inertes
me dão honras
e deles herdo somente a queda
contraio-me como pedra
(de "PerVERSOS URBANOS", Rio, Blocos, 2010). Leia a obra-relâmpago completa
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