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O que posso dizer de concreto
Foto:
Fabbio Cortez
(Praça XV, Centro do Rio, ainda com o antigo e horrendo viaduto ao fundo)

ATENTOS À VOZ DOS PERDIDOS DA RUA
(pequeno exemplo da poesia urbana inspirada na visão crítica de MECSO, pseudônimo de Fabbio)



O QUE POSSO DIZER DE CONCRETO


quem me dera ser o pedaço quebrado
dessas estátuas invisíveis
a caçar a dinastia na poeira do trânsito

ou o reboco descaído dos muros
com fantasmas rabiscados
pelos parachoques bêbados da cidade

nem isso

sou do edifício
do meio-fio
da esquina
de tanta esquina

o suicídio
o tropeço
o vício
o meretrício

pois se nem a sombra dos heróis
que cavalgam inertes
me dão honras
e deles herdo somente a queda

contraio-me como pedra



(de "PerVERSOS URBANOS", Rio, Blocos, 2010). Leia a obra-relâmpago completa acessando o link CADA DOR QUE ANDA NA RUA, na lista "ALGUNS LIVROS", disposta na PÁGINA PRINCIPAL.