Sou quase, ali estive
de pele fria num fogo inesgotável.
Objeto de cego, logo estabeleci
meu símbolo no tato
consternado dos pelos do mar noturno.

O contraste levou
não se sabe quantas mortes
para elucidar o encontro,
e como que pudesse me equilibrar
e viver, agarrei ondas à unha.

Sou daquele breu, prova de que vou
distante em meio ao emaranhado de olhos:
o medo agora vem do horizonte em luzes leves,
trepidantemente fixas em mim
pra não mais me perder.


          Fabbio Cortez



(Poema inspirado na assustadora lembrança de uma ocasião em que Fabbio *quase morre afogado ainda na adolescência na praia do Recreio dos Bandeirantes,  Rio de Janeiro — RJ, mas que serve figurativamente para inúmeras outras  situações da vida do autor.)