SOBREAMOR (divagações em versos sobre o mais insondável e louco sentimento do mundo)


Obra independente em estudo de reedição

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PEQUENO TRECHO DA OBRA


Trago flores


Trago flores para te dar hoje
Fundi-as a mim no setor de plantas
do supermercado, aquele longe
Amando caminhamos longe

Trouxe-as em cima de teus pacotes de sonho
Flores simples
uma promoção e boa intenção
Ainda bem não és alérgica a flores
Ou a coisas simples
(que és tão alérgica...)
Trago-as, pois, tão simples
Mas isto é como se te desse tudo o que tenho
Porque em ter-te dou-me a ti:
Coração-flor, mente-flor
Dia a dia-flor, para sempre-flor-amor
então tudo simples

......... O amor
......... Se olharmos bem
......... é coisa simples
......... Quando é bom
......... é simples
......... E belo, belo igual a uma criança correndo
            [no gramado do parque ao sol sorrindo
Belo como as coisas e flores mais caras do mundo
E as em conta


Bela enfim pode ser a vida


Bela enfim pode ser a vida, sim, esta, a tal vida
        ela, vida que vem e vai veloz e vã
Em estado de graça estou, pois, desde nosso encontro
        de milagres e sonhos de esperança
Independentemente das ansiedades e mistérios
        transformou para melhor meus dias
Bem na escuridão de meu peito consegues me ver
        e muito me orienta a mim mesmo
Eis me derramo aqui em gratidão e pureza:
        és assim meus amanhãs internos
Irei sim portanto até qualquer dimensão contigo
        com esta tanta-luz-amor-tu-comigo!


Se um amor é de verdade


Se um amor é de verdade, nenhum mal o pode abalar, nem mágoa alguma o destruir, nenhuma força do universo, por mais nefasta, tem o poder de desinventá-lo. O desencontro permanente é impossível, se um amor é de verdade. Se a vida quer, até o desencontro se desencontra de si mesmo. Se a vida quer — oh nobres irmãos da família humana! —, ela cisma, teima, ela bate o pé... E assim é.


Amor: ô troço complicado! Mas... por que será?


Muita gente se perde quando o assunto é "amor". Acho que isto se dá pela não compreensão de que o tal do amor é meio como um quebra-cabeça, cheio de peças distintas ou maneiras de sentir, que devem ser juntadas intuitivamente, senão vira é sofrimento.

Compreender o jogo pode ser difícil, pois talvez seja o assunto mais subjetivo da vida; mas, particularmente, creio que se tem de somar as várias partes e fazer como que uma média de tudo, o que seria o amor total, deveras utópico, mas que todo mundo persegue quando avalia a si mesmo com cuidado.

Eis algumas possíveis "peças" já conhecidas para meditarmos a respeito:

EROS (paixão baseada na aparência física, carnal, do tipo que vira ódio se não correspondido); PSIQUE (baseado na mente e em sentimentos eternos); LUDUS (visto como um jogo, na alegria e brincadeira); STORGE (afetuosidade desenvolvida devagar, com base em entrosamento, amizade e confiança mútua); PRAGMA – valorização do lado prático, avaliação de tudo antes de entrar num romance); MANIA (altamente emocional, instável); PHILIA (incondicional, altruísta, generoso, acima do próprio interesse); ÁGAPE (amor superior, espiritual, perfeito).

A questão não é racionalizar o amor, mas entender algo de suas emanações a fim de compreendermos a nós mesmos no que concerne a este multissentimento.


(.,...;:—–˜´`"!?)


que se dane a acentuacao grafica que se danem as virgulas pontos logica et cetera pois a poesia faz o que quer ninguem a pode domar comete o que deseja regozijo tristeza luz e agonia assim como o ceu se pinta de ceu conforme deseja na hora azul cinza branco rosa laranja violeta ela quebra constroi mantem sonho chuva pesadelo sol estrada sempre fotografia nunca tudo movimento nada mais mas agora a poesia me concede somente querer ser escolher viver enquanto encosto a boca em teus cabelos negros e beijo juntos assim a teus olhos sorrisos criancas sem fim fazem germinar nas terras ingenuas de meu espirito o mais sincero poema tu


Você, luz linda


você é uma luz mais que intensa daquelas,
estrela perfeita minha
: veja o céu negro na noite negra porém clara,
uma estrela maior daquelas,
rica luminosidade última desta pobre última terra
(ah, e aqui meu peito,
intento simples e puro desta sua superclaridade
: vemos com olhar de não planeta,
de vontade-sentimento, vontade-entendimento)
vá, olhe, queixo para cima,
pupilas risonhas quebrando os pessimismos insistentes
: esqueça os olhos lá em mim, em mim e em você,
há luz bastante a fim de entendermos
como entendemos... estamos lá, somos de lá
e estamos juntos, vivos para sempre
neste amor meio extraterreno (que seja!)
: de algum jeito estamos lá, veja,
olhe com coragem, lá e aqui sem limite
na alma da alma, na alma da alma de nós


A fim de


Nosso coração faz arte
Com sensibilidade feroz (rusticidades de paz)
Malabaristas ridículos para existir
Essas coisas poéticas de continuar
Nada mais, somente o sol escondido "aquis"
Junto a nossos ossos e vísceras
Sangue quente e pensamentos sem freio
Essas coisas patéticas de poetas sem freio
E mudanças a mudar de lugar
Cidade país planeta dimensão
.......... imaginação — venha, Poesia!
Pois não somos de nenhum lugar
Às vezes desistimos de não ser
.......... e ainda existimos — é a Poesia!
Nem ser somos
Nem sequer sabemos ser
.......... jamais saberíamos — é a Poesia!
Apenas nosso coração vai andando
Sobre tréguas arrasadas
.......... animal duplo — ah, querida Poesia!
Pobre coração teimoso e um tanto grotesco
a fazer mágica a fim de (é, a fim de)
Eu a seu lado ouvindo música depressiva
A meu lado você depressiva me ouvindo
Acabamos por rir (só rindo)
É que nosso coração faz arte
Coisas caricatas e coisas sérias
A fim de (sim, por que não?... a fim de)
E o sol guardado "aquis" (por que não?)
Sim, o louco do sol tal quais nós


Na pior das hipóteses


O sempre está ali, olhe
Não tenha medo, tenha não
É lá onde estamos
Na pior das hipóteses estamos bem
Sofrimentos são apenas ilusão, fotografias
Que poderíamos ter tirado e não tiramos
Mas elas estão em algum lugar, com as que tiramos
Aqui é ali, lá, sente o que quero dizer?
Como o tempo vai sem dar um passo sequer
Procure compreender
Não tenha medo
Não fique triste, não
Humildemente peço
Abra o portão, está destrancado
Vá pra dentro do jardim, é seu
Cultivei-o com cuidado de boas estações
Bons momentos, céus azuis com temperaturas amenas
Depois de raras noites bem-dormidas, sabe?
Tal um relógio foge em torno de si pregado na parede
Sou homem de voz e gestos hostis muitas vezes, você bem sabe
Mas pureza de intenção, criança pequena dentro
Nota aquela flor grosseira?
Procure compreender, olhe com paciência
Fique triste não
Não tenha medo, tenha não
Humildemente peço
Aqui é ali, lá, quero expressar sem palavras
Tenha o amor repleto de perdões pra mim
           ... é uma criança pequena pedindo
O sempre está ali, olhe
É lá onde estamos
Entre na cura do que somos feitos
Olhe com paciência, tenha medo não
Tenha não, dê-me sua mão
Nada é perfeito, você bem sabe, tudo é perfeito
Tenha medo não
Fique triste não, é uma criança pequena pedindo
Estive com você no sempre, vi-nos
É lá onde estamos, olhe, você pequena criança também
Na pior das hipóteses estamos bem


Não peço muito


eu só queria te conhecer, só conhecer
e por ti me fazer conhecer
além de ontens, hojes ou amanhãs
além de belezas, riquezas ou inteligências
além de acertos, erros ou probabilidades
ou de lonjuras ou juras

eu só queria me conhecer conhecendo-te

não peço muito...

[...] mas se não é possível, fazer o quê?
vou sufocando esta intuição arrasadora
que jamais imaginei em minha pobre vida ter

se não é possível, ao menos não me esqueças
ao menos isso

não peço muito
não, não peço muito

[...]